Opinião de Carlos Rui Abreu, director-adjunto do jornal Notícias de Fafe:
Os últimos meses de 2017 revelaram-nos um novo cenário político em Fafe. Quando se fizer a história da democracia no concelho, o ano que agora findou será sempre estudado como o mais inusitado de todos. Um carrossel de trocas e baldrocas que culminou com um executivo municipal sem maioria absoluta e uma Assembleia Municipal liderada por aqueles que são oposição no executivo.
Ou seja, tudo é novo para os políticos locais que não estavam habituadas a estas areias movediças na hora de decidir sobre o dia-a-dia dos fafenses.
Com este cenário, como é óbvio, aumenta a fiscalização ao poder por parte da oposição, o escrutínio é maior e os cuidados de quem governa têm, também de ser redobrados.
Serve isto para lançar um alerta sobre o que se tem passado nos primeiros dois meses e meio da organização política da Câmara.
Nunca em tão pouco tempo tinha havido o recurso a tantas reuniões extraordinárias do executivo municipal. Saiba o leitor que, numa reunião extraordinária, se reúne à porta fechada, sem acesso ao público e à comunicação social. A própria oposição fica limitada à discussão dos pontos da reunião e não pode introduizr novos temas.
No passado, havia a prática de apenas se realizar de forma extraordinária as reuniões sobre a discussão do orçamento. Também aqui levantava algumas dúvidas quanto à eficácia da medida mas sabia-se que era assim.
Agora não.
Mas afinal o que querem discutir os políticos da praça, o que quer o presidente da Câmara colocar à análise dos seus pares no executivo que os fafenses não possam saber?
Não foram os fafenses que elegeram os seus representantes? Não terão os fafenses, através da comunicação social, o direito de saber o que discutem os vereadores?
O que há para esconder quando se reúne à porta fechada?
São estas atitudes que adensam a supeição sobre algumas práticas que vão sendo correntes e que, aqui e ali, se vão sabendo em público.
São os dirigentes políticos actuais que 'patrocinam' estas reuniões sobre o futuro do povo mas às escondidas do povo e que, lá para Abril, andarão de cravo na lapela a dar loas à Liberdade e aos valores da Revolução.
Um povo esclarecido é um povo informado.
Nós lutaremos sempre para que os fafenses sejam esclarecidos.