Opinião de João P. de Campelos, CDS/Fafe, publicada no jornal Notícias de Fafe:
A cultura, as tradições e os monumentos são elementos constituintes de uma identidade local ou nacional. Fazem parte daquilo que somos e daquilo que nos caracteriza, mostrando o passado, caracterizando o presente e perspectivando o futuro. Fafe não é particularmente rico em monumentos históricos imponentes tal como tem Guimarães ou Braga, mas tem alguns pontos particulares de elevado interesse. Como dizia o filósofo italiano Césare Cantù: "Querem conhecer a civilização de um povo? Reparem naqueles que erguem monumentos".
Impera de facto uma decisão do nosso Executivo Camarário que valorize e promova os nossos pequenos mas importantes monumentos. As casas "brasileiras" são estudadas no âmbito da história e da arquitetura em Portugal em todo o País. São de facto um ex-libris da nossa cidade. E por mais que se perceba isso, não se vê, por exemplo, uma ação pertinente da Câmara Municipal para a resolução do edfício contínuo ao IEPF de Fafe. Temos depois o malogrado castro de Sto. Ovídio que teima em ser desprezado e ignorado pela executivo. Louve-se a ação da associação criada em volta desta antiguidade que teima em não deixar morrer este tema. Posteriormente temos os vestígios do Castelo Roqueiro em Quinchães da Idade Média, a Igreja de São Romão de Arões, as Lajes de S. João em Ribeiros, as nossas Casas Senhoriais caracterizadores de uma ruralidade única na região. Enfim, uma enorme panóplia de património edificado que merece ser lembrado, visitado e acima de tudo promovido. Muito bem sei que boa parte do edificado ou património Fafense é privado. E assim deve continuar a ser. O que não percebo é a falta de interação que existe entre o Executivo Camarário e os respetivos proprietários para a promoção da imagem e cultura de Fafe. De que nos vale querer ser um local turístico se depois nós próprios não cuidamos daquilo que melhor temos para mostrar?! Não há turismo sem património, sem monumentos ou sem promoção e demonstração de cultura.
A maioria dos Fafenses com toda a certeza não visitou alguns destes patrimónios que aqui enumerei. E acredito que não o fizeram por falta de vontade, mas sim por falta de conhecimento da sua existência. A criação de um roteiro em volta do património edificado seria uma solução. A divulgação junto das nossas escolas destes monumentos seria uma outra solução. Mas para isso seria necessário primariamente inventariar tudo e em segundo solucionar questões burocráticas. Porém, tudo isto só é possível, se houver antes de tudo vontade e iniciativa forte em querer de facto promover e valorizar o que é nosso. Muito do noso património parece quase irrecuperável e necessita de intervenção urgente como o caso do castro de Santo Ovídio. São patrimónios únicos que devem ser preservados e conservados para as gerações vindouras. Temos esta obrigação em lhes deixar história e saber. Mas de facto a preocupação Camarária não tem passado por aqui. O que tem interessado na realidade, é o chamativo ou o mais visível aos olhos do eleitorado citadino. O que tem interessado de facto é a cidade e o seu centro descorando por completo as freguesias e a ruralidade.