Opinião de Jorge Adélio Costa no jornal Notícias de Fafe:
Fafe viveu no início desta semana o momento de espontaneidade mais Bonito de que me recordo.
A forma como os Fafenses se agruparam, absolutamente descomprometidos, para abraçar o calor que a Imagem de Nossa Senhora de Fátima plantou em Fafe, foi certamente um momento, para além de inesquecível, inspirador e que alavancou o sentimento de Fé, que tão importante é para conduzirmos as nossas vidas.
Numa altura onde a descrença tem, dia após dia, através da comunicação socialganho força nas nossas vidas (através de notícias diárias a plantar o pessimismos, o derrotismo...). Foi para mim absolutamente inspirador receber a Imagem da Nossa Senhora de Fátima na nossa Terra. A sua presença física nestes dias recarregou a energia que necessitávamos para ancararmos com mais confiança, com mais optimismo o dia seguinte. Enchermos o coração de esperança, inspirado no calor da Mãe não resolve por si as dificuldades que temos de encarar no dia a dia (sobretudo numa época onde as famílias portuguesas têm reiteradamente sido fustigadas), mas é essa esperança que pode, e deve, servir de alavanca para termos energia de encararmos o próximo dia e de basearmos a nossa acção em valores que a nossa sociedade vê cada vez mais alheados daqueles que podem interferir por nós.
Foto de Ivo Borges
Opinião de Elsa Lima no jornal Notícias de Fafe:
A comunidade católica em Fafe teve este ano a oportunidade de celebrar a Páscoa de uma forma prolongada através da realização do evento 'Terra Justa' que, apesar de organizado pela sociedade civil, tem a religião como tema central, e o Cardeal Óscar Maradiaga como convidado principal.
Depois de uma Semana Santa intensa, com a realização de várias actividades promovidas pela paróquia, foi interessante assistir a este quase prolongamento da celebração com a presença do líder do grupo dos nove conselheiros do Papa Francisco, e à simbiose gerada entre crentes e não crentes, em torno do evento. Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa disse mesmo estar a viver em Fafe "o grande momento da Páscoa", pela dimensão da iniciativa que procurou suscitar a reflexão em torno das causas e valores da humanidade, proporcionando à população a oportunidade de assistir a um conjunto de tertúlias, com personalidades de renome, a dissertar sobre o tema.
Pessoalmente, agrada-me a génese da ideia do Município de 'pegar' no ícone da Justiça de Fafe para, através dele, e de uma forma positiva, promover Fafe. Isto porque, é sabido, que em qualquer lugar onde se fale da Justiça de Fafe, de imediato é associada a ideia, não muito justa, de que por cá se faz justiça com o pau, remetendo para a violência. O próprio cardeal sublinhou que Justiça não pode vir do pau, ma sim do amor que aplicamos a tudo aquilo que fazemos, e da fraternidade para com aqueles que nos rodeiam, no objectivo de ser alcançada maior justiça social. E é por aí que digo que me agrada este esforço no sentido de mudar esta imagem negativa associada à nossa Justiça de Fafe, para que Fafe passe a ser conhecida como uma Terra Justa. Acho um conceito simpático.
Agora, foi interessante assistir também á forma como o evento foi acolhido pelos fafenses, e quando falo de fafenses, falo da população em geral, e não da nata da sociedade. Aliás, há dias, quando alguém da organização me pedia a opinião sobre o evento, o meu comentário foi que "não iria chegar, envolver, o povo". E penso não me ter enganado.
Bastou um olhar mais atento para perceber a estupefacção do cidadão comum perante o canário montado no centro da cidade, assistindo, quase com receio, e timidez, a 'uma festa de VIP's, que desfilavam na passadeira vermelha', com a qual pareciam não se identificar. Percebemos isso claramente na realização do inquérito que semanalmente ouve 'A voz do povo' sobre um tema da actualidade, e perante a questão 'O que acha do Terra Justa?', muitos, mas muitos mesmo, esquivaram-se a responder para não darem a conhecer a sua 'ignorância' relativamente ao assunto, confessando 'em off' não estarem a perceber 'patavina' do que se estava a passar. Comum também, entre os comentários ouvidos pela praça, era a preocupação em saber o custo de tamanha 'pompa e circunstância'. Se a ideia era projectar o concelho, e fazer com que Fafe fosse falado nos jornais e telejornais, foi plenamente conseguido. Mas a que preço? É a pergunta que mais se ouve pela cidade, e a que o Município terá que responder porque está criada a dúvida se o evento se moveu em torno da solidariedade dos intervenientes ou se foi pago a peso de ouro, o que causa preocupação em tempos de austeridade.