Opinião de Carlos Rui Abreu, director-adjunto do jornal Notícias de Fafe:
Na próxima segunda-feira, dia dois de Novembro, irá completar-se o segundo ano do mandato do actual executivo municipal. Um cenário novo em Fafe com uma liderança de Raul Cunha que teve de negociar uma coligação com o PSD para poder ter maioria. Foram dois anos de cedências de parte a parte, com os social-democratas, em minoria, a ter de "engolir alguns sapos" e aprovar medidas e projectos que vinham combatendo no passado. Também o PS teve de se adaptar a uma nova forma de governar, entregando pelouros politicamente relevantes a Eugénio Marinho e José Baptista.
O que transparece para o exterior é que, com mais ou menos engulhos nas relações políticas, com maior ou menor 'ciúme' do que vai fazendo este ou aquele vereador, Raul Cunha tem tido a capacidade de gerir a autarquia sem grandes sobressaltos.
Uma primeira metade de mandato marcada por uma forte máquina de propaganda mas não só. Ninguém poderá retirar o mérito que Raul Cunha e seus pares, todos, tiveram na resolução de alguns problemas que tinham sido herdados do executivo anterior e na implementação de políticas e iniciativas de inegável mérito e importantes para o concelho. Desde logo, houve a capacidade de concluir o PDM, resolvendo também o imbróglio jurídico que se poderia tornar o prédio da Sacor, devolveu-se aos fafenses o até então soturno Parque da Cidade, apadrinhou o regresso do Rally de Portugal ao Norte, criou o tão necessário Festival da Vitela Assada à Moda de Fafe, desbloqueou a construção do quartel da GNR, tem tentando modernizar os serviços autárquicos, entre outras iniciativas. A Câmara manteve a aposta que já vinha do passado nos apoios sociais, na ajuda às famílias carenciadas através de vários programas, tentando chegar a todos os sectores da sociedade.
Outras houve em que a aposta foi forte mas que no meu entender não trazem ao concelho o retorno desejado e servem só para 'alimentar' a tal máquina de propaganda que referi.
Raul Cunha 'atravessou-se' pela instalação do Contac Center da Altice e na criação de 350 postos de trabalho. Esse processo está em marcha e se não houver nenhum problema nos próximos cinco anos nas relações contratuais, esta pode muito bem ser a medida que marcará mais directamente este mandato autárquico, ao nível do impacto diário na vida das pessoas.
Mas o pior, penso eu, está para vir. Este clima de paz que se vive no seio do executivo vai entrar no período decisivo. Vai ser testado nesta segunda parte do mandato, que vertiginosamente se encaminhará para o final. As eleições estão já aí, em 2017.
Será curioso perceber até quando se vai manter a coligação. Aguentará até final? Creio que não e a única dúvida que me assola é quem ficará com o ónus de 'bater com a porta', quem ficará com o rótulo de ter criado a cisão? Sim, será apenas de cisão que se vai falar porque não haverá instabilidade governativa e o executivo municipal não vai 'cair'. Parcídio Summavielle, que não tem levantado grandes ondas e tem, inclusive, passado ao lado da discussão de alguns assuntos pertinentes na gestão da autarquia será o suporte de Raul Cunha até final.
Estou no campo da especulação mas é o que sinto neste momento.
O tempo julgará estas ideias e cá estou para ouvir a sentença.