Opinião de Alexandre Leite, deputado municipal eleito pela CDU, em entrevista à Fafe Tv:
Numa situação normal o PSD seria oposição. Estando em coligação com o PS, acaba por uma parte da oposição fazer parte do executivo da Câmara. Haveria os Independentes, que poderiam ser outra parte da oposição. À partida poderia esperar-se isso, mas têm estado, acho eu, um bocadinho apagados e realmente acaba por a oposição ser feita pela CDU. Se calhar, a escolha dos Independentes é uma escolha coerente porque as políticas que são praticada por PS e PSD, pelos vistos, não têm a oposição dos Independendentes, por isso, mesmo ideologicamente, acaba por ser uma posição coerente.
Na Assembleia Municipal nós temos apoiado programas como o Apoio à Renda e o Apoio de Emergência Social. São coisas que nós apoiamos, que acabam por ser uma lufada de ar fresco para o orçamento das famílias que estão, muitas vezes, em situações de desespero. Essa parte tem o nosso apoio, mas depois há um "mas" que é um "mas" que é bastante importante, que é, isso é muito insuficiente. Acaba por ser até uma esmola e acaba por ser uma coisa hipócrita. Por um lado, em Lisboa no Parlamento, cortam salários, reduzem o número de professores, tentam destruir o Serviço Nacional de Saúde e depois, na Câmara, PS e PSD dão uma esmola. O problema é estar a esvaziar o tanque com um balde e depois oferecer um copo de água e dizer que está a ajudar.
O PCP e a CDU sempre estiveram na defesa de um Serviço Nacional de Saúde público, de qualidade e gratuito. Nesse sentido, já noutros mandatos, o que tínhamos apontado era a crescente perda de qualidade das instações do Hospital de Fafe, a perda de valências, que foram transferidas para o Hospital de Guimarães, e nessa altura éramos apoiados também pelos outros partidos nessas críticas. E o que nós pedíamos e continuamos a pedir, o que achamos que é mais importante para a população em Fafe é a existência de um hospital público de maneira a conseguir cumpir a Constituição na questão da saúde como um direito. A passagem para a Santa Casa da Misericórdia já é outra história. O Hospital foi degradando, degradando, degradando e chegou muito próximo do zero. Agora não era difícil qualquer um chegar, pintar as paredes, cortar as sebes, e dizer que agora está muito melhor. Isso aí temos de concordar que, pelo menos em termos de aspecto, e acredito que até nalgumas questões poderá estar um bocadinho melhor, mas mesmo assim continuamos a defender que a situação que melhor defende a saúde dos fafenses é que o hospital seja público.
O esforço financeiro que a Câmara fez de 800 mil euros para oferecer a uma empresa que vai disponibilizar empregos precários de salários baixos, parece-me mais show-off, mais fogo-de-artifício, do que realmente uma preocupação com o emprego local. Aquilo é um tipo de emprego que é muito precário e são empresas que tanto estão hoje cá em Fafe como, amanhã, se lhe oferecerem mais meio tostão, eles mudam-se para outro lado qualquer. Foi um contrato que pode vir ser ruinoso para o Município de Fafe. A Altice/Randstad indo embora daqui a 4 ou 5 anos por qualquer razão, ou porque faliu ou porque resolveu ir para outro lado qualquer, nós ficamos com o edifício, ficamos com a dívida ao banco, ficamos sem o emprego. Acaba por ser um benefício que é dado às grandes empresas que, se calhar, se outras pequenas empresas cá em Fafe tivessem feito o mesmo pedido, não lhes teria sido cedido.
Uma das primeiras propostas que eu fiz na Assembleia Municipal foi a da necessidade da construção de um novo canil municipal. Lembro-me na altura de o Presidente Raul Cunha defender que se fizesse um Canil Intermunicipal que até se falava que seria em Guimarães. Entretanto aparentemente mudou de ideias e já defende que o canil seja cá em Fafe mas que se façam algumas reparações. Agora só lhe falta mudar mais um bocadinho de ideias e passar à ideia que é a mais lógica, que é a de fazer um canil em condições, num novo espaço, que não é uma obra nada cara, comparada com o que se vê por aí, e que daria dignidade aos animais, às pessoas que lá trabalham e às pessosa que o frequentam para adoptar os animais.