Opinião de Ribeiro Cardoso, diretor do jornal Povo de Fafe:
O actual cenário político em Fafe está a merecer uma análise objectiva e isenta de paixões ou colagens, até porque para unir o que conta é o interesse do partido em questão. E esta crise política bem patente e elucidativa com as últimas eleições autárquicas veio, quiçá, enfraquecer para os próximos tempos uma força política de antigas maiorias absolutas, o Partido Socialista, que nunca mais as alcançou e, nomeadamente, pela divisão interna entre camaradas da mesma Família, em que o poder é, por vezes, uma obsessão incontrolável.
Só que agora já há dois candidatos à liderança do PS em Fafe, Daniel Bastos e Salgado Santos, e ambos pregam a união e a solidariedade entre todos os socialistas, o que só lhes fica bem. Mas o mais difícil é transpor para a realidade política essas louváveis intenções que, em meu entender, não passam disso mesmo e da expressão fidedigna de princípios e valores em que os dois acreditam sem vacilações.
Todavia, na Conferência de Imprensa do candidato Salgado Santos, resultou pelas suas palavras, que em Fafe "só há um PS e não o de Fafe e o de Lisboa", ficando-se a saber que o Conselho de Jurisdição do Partido Socialista vai apreciar juridicamente se os filiados no PS que integraram o Movimento "Fafe Sempre" ou a Secção de Fafe do Partido vão ou não ser expulsos, por terem concorrido na últimas Autárquicas numa Lista contra o PS. Não sei qual virá a ser o veredicto final, mas se a expulsão se consumar então cao o "Carmo e a Trindade" e a ruptura será praticamente definitiva. E se isso acontecer, provavelmente ainda se adensa mais o espírito de Oposição à Câmara do PS, liderada por Raul Cunha, que, em breve, já irá ter o primeiro teste, a aprovação ou não do Orçamento para 2018.
Seja como for, o ideal seria que o PS voltasse às suas origens de convivência fraterna e solidária entre todos os militantes, senão cairá sobre o partido uma nuvem negra que jamais se apagará da sua memória.
É certo que a procissão ainda vai no adro, mas se os socialistas derem as mãos comungando nos mesmos sentimentos de fidelidade ao Partido e à sua História estou certo que regressará a paz, a concórdia e a conciliação, com respeito mútuo e tolerância democrática.
Para bem do PS, do Município e dos Fafenses em geral.