Opinião de Carlos Rui Abreu, director-adjunto do jornal Notícias de Fafe:
A última reunião do executivo municipal foi bastante rica do ponto de vista da análise de comportamentos. Assisti da primeira fila a coisas que me deixaram a penser e que gostava de partilhar com os nossos leitores. Desde logo porque foi uma das mais longas reuniões deste mandato e teve um ponto que gerou muita discussão.
Pôs-se a jeito Parcídio Summavielle e seus pares quando, numa proposta assinada a duas mãos com Leonel Castro, apresenta para discussão e votação um documento onde solicitava um apoio de 150 mil euros para a ACR de Fornelos. Instituição de méritos bem evidentes, merecedora da máxima atenção e respeito e, por certo, merecedora de mais um apoio do município.
O problema é que dos três vereadores dos Independentes por Fafe com lugar efectivo no executivo, dois deles estão intimamente ligados à colectividade. Rosa Maria Pinheiro é a presidente e Vítor Silva o tesoureiro. É certo que ambos, acredito que de forma propositada, faltaram à reunião uma vez que também não poderiam votar e entregaram essa tarefa aos seus pares.
Esta situação é o exemplo daquilo que não pode ser a política. Independentemente dos cargos que os diversos vereadores ocupem na sociedade não devem misturar funções e já não é a primeira vez que a ACR de Fornelos, repito, instituição notável que não pode nem deve sair beliscada neste processo, é alvo de conversa e debate nas reuniões do executivo. Uma coisa é a actividade política com o pensamento num colectivo que é Fafe e outra é a actividade de Rosa Maria Pinheiro como dirigente da associação.
Há certas coisas que vejo e ouço nas reuniões de Câmara que me fazem, muitas vezes, mexer na cadeira. Estas como tantas outras que também trouxe a este espaço de opinião.
Mas, como aludi no início desta prosa, este não foi o único comportamento em que me foquei na última reunião. O presidente da Câmara, Raul Cunha, eleito como independente nas listas do PS, teve um comportamento que nunca lhe havia visto anteriormente. Na fase de discussão e votação de, pelo menos dois pontos da reunião, perguntou como é hábito a intenção de voto dos IPF e ao PSD e depois de ele próprio manifestar a sua perguntou qual era a posição do PS, olhando para os vereadores à sua esquerda.
Estranho, numa Câmara que lidera com mais três vereadores socialistas. Não estará o sentido de voto das propostas que vão à reunião já definido entre si. Neste mandato já houve uma proposta chumbada com o voto favorável do presidente da Câmara e os votos contra dos restantes socialistas mas o que transpareceu é que na Câmara existem quatro vozes. A de Raul Cunha, a do PS, dos IPF e do PSD.
E por falar na voz do PSD, a meio do mandato parecem começar a abrir pequenas grandes brechas na coligação.
O mal-estar de Eugénio Marinho e José Baptista pela forma como a Câmara não comunica as suas acções, os 'esconde' dos programas de televisão onde todos falam menos eles, já deixou de ser novidade, é manifestada em público e, agora, ambos optam por uma assessoria de comunicação paralela à que é desenvolvida pela Câmara.
Basta entrar no Facebook e ver... está à vista de todos.