Consigo Fizemos a Diferença
"A política sem risco é uma chatice e sem ética uma veronha"
Francisco Sá Carneiro
Consigo Fizemos a Diferença
"A política sem risco é uma chatice e sem ética uma veronha"
Francisco Sá Carneiro
Opinião de Carlos Rui Abreu, director-adjunto do jornal Notícias de Fafe:
A última reunião do executivo municipal foi bastante rica do ponto de vista da análise de comportamentos. Assisti da primeira fila a coisas que me deixaram a penser e que gostava de partilhar com os nossos leitores. Desde logo porque foi uma das mais longas reuniões deste mandato e teve um ponto que gerou muita discussão.
Pôs-se a jeito Parcídio Summavielle e seus pares quando, numa proposta assinada a duas mãos com Leonel Castro, apresenta para discussão e votação um documento onde solicitava um apoio de 150 mil euros para a ACR de Fornelos. Instituição de méritos bem evidentes, merecedora da máxima atenção e respeito e, por certo, merecedora de mais um apoio do município.
O problema é que dos três vereadores dos Independentes por Fafe com lugar efectivo no executivo, dois deles estão intimamente ligados à colectividade. Rosa Maria Pinheiro é a presidente e Vítor Silva o tesoureiro. É certo que ambos, acredito que de forma propositada, faltaram à reunião uma vez que também não poderiam votar e entregaram essa tarefa aos seus pares.
Esta situação é o exemplo daquilo que não pode ser a política. Independentemente dos cargos que os diversos vereadores ocupem na sociedade não devem misturar funções e já não é a primeira vez que a ACR de Fornelos, repito, instituição notável que não pode nem deve sair beliscada neste processo, é alvo de conversa e debate nas reuniões do executivo. Uma coisa é a actividade política com o pensamento num colectivo que é Fafe e outra é a actividade de Rosa Maria Pinheiro como dirigente da associação.
Há certas coisas que vejo e ouço nas reuniões de Câmara que me fazem, muitas vezes, mexer na cadeira. Estas como tantas outras que também trouxe a este espaço de opinião.
Mas, como aludi no início desta prosa, este não foi o único comportamento em que me foquei na última reunião. O presidente da Câmara, Raul Cunha, eleito como independente nas listas do PS, teve um comportamento que nunca lhe havia visto anteriormente. Na fase de discussão e votação de, pelo menos dois pontos da reunião, perguntou como é hábito a intenção de voto dos IPF e ao PSD e depois de ele próprio manifestar a sua perguntou qual era a posição do PS, olhando para os vereadores à sua esquerda.
Estranho, numa Câmara que lidera com mais três vereadores socialistas. Não estará o sentido de voto das propostas que vão à reunião já definido entre si. Neste mandato já houve uma proposta chumbada com o voto favorável do presidente da Câmara e os votos contra dos restantes socialistas mas o que transpareceu é que na Câmara existem quatro vozes. A de Raul Cunha, a do PS, dos IPF e do PSD.
E por falar na voz do PSD, a meio do mandato parecem começar a abrir pequenas grandes brechas na coligação.
O mal-estar de Eugénio Marinho e José Baptista pela forma como a Câmara não comunica as suas acções, os 'esconde' dos programas de televisão onde todos falam menos eles, já deixou de ser novidade, é manifestada em público e, agora, ambos optam por uma assessoria de comunicação paralela à que é desenvolvida pela Câmara.
Basta entrar no Facebook e ver... está à vista de todos.
Opinião de Jorge Costa, líder do PSD/Fafe no jornal Notícias de Fafe:
Este período teve condições atípicas. Primeiro, o facto de estarmos pela primeira vez a governar Fafe em coligação, o que por si só o torna um facto atípico até para a própria forma como se faz política em Fafe e isso teve também influência na nossa gestão. Depois, este ano e meio permitiu ao PSD fazer uma reorganização interna que era necessária. Este é uma equipa que tem um conjunto de gente nova que rompe um pouco com a forma de fazer política no passado e acho que estamos mais próximos das freguesias. Tem sido essa a nossa prioridade. Quisemos uma reorganização quer da metodologia que o PSD tinha no passado, onde só olhava para as freguesias em períodos próximos das eleições autárquicas e agora queremos fazer isto de forma contínua. Não sei se tem a ver com o facto de estarmos em coligação na Câmara mas as coisas têm sido mais fáceis do que no passado.
Quisemos demonstrar essa nova genica porque nós estávamos muito distantes da população com a forma de actuar e acho que isso mudou.
O facto de o PSD estar nesta coligação permitiu duas coisas muito importantes. Primeiro, demonstrar aos fafenses que o PSD tem capacidade de trabalho. Nós simbolizamos uma mudança neste executivo municipal as aqui, para ser justo, não só a entrada dos dois vereadores do PSD, Eugénio Marinho e José Baptista, mas também a própria entrada de Raul Cunha. Estas três pessoas foram uma lufada de ar fresco nos procedimentos e na forma como a própria Câmara se envolvia com a comunidade. Eu acho que Fafe hoje está melhor, acho que tem sido possível fazer as coisas de forma diferente e envolvendo mais gente. Aqui o mérito, em primeiro lugar, é destas três pessoas, não esquecendo obviamente o restante executivo.
Eugénio Marinho, apesar de estar a meio tempo, e José Baptista, a tempo inteiro, são os vereadores que mais pessoas recebem diariamente.
Estou convencido que o PSD nas próximas autárquicas será o principal facto político no resultado. E será por dois motivos fundamentais. O primeiro porque temos a oportunidade de mostrar aos fafenses que temos capacidade de executar, que temos uma atitude e uma proactividade acima do que era expectável. O segundo facto tem a ver com o sentimento forte de mudança que os fafenses demonstraram nas últimas eleições.
O estilo dos IPF na vereação é fazerem-se de mortos e o que Fafe precisa é de gente com projecto e com ideias. A ideia que fica em alguns momentos é que o Dr. Parcídio Summavielle queria uma entrada por cima no PS pela forma como ele se posiciona nas reuniões da Câmara. Esta estratégia de se fazer de morto naquilo que tem a ver com as propostas para o desenvolvimento de Fafe vão levar os fafenses a perceber que se trata de um projecto de poder próprio e o PSD vai recuperar muito do eleitorado que tem perdido e cativar outro.