Opinião de Elsa Lima, directora do jornal Notícias de Fafe:
O horário de funcionamento dos cafés e restaurantes é um assunto que tem dado que falar, uma vez que o regulamento que define as regras de funcionamento dos estabelecimentos comerciais em Fafe está em revisão, e a primeira proposta aponta para o encerramento deste grupo de estabelecimentos às 24 horas, nos dias de semana, e das esplanadas à mesma hora, em qualquer dia, mesmo ao fim-de-semana, inclusive nos meses de Verão.
Ora uma intenção dada a conhecer pelo Município que não caiu bem junto dos proprietários deste tipo de estabelecimentos que actualmente podem funcionar até às 02h00 e não querem ver o horário reduzido, antevendo prejuízo.
Uma medida que, na base, terá o desagrado daqueles que moram junto de cafés e que frequentemente reclamam o direito ao descanso que muitas vezes é incomodado. Ou seja, uma balança difícil de equilibrar.
Se por um lado se percebe a legitimidade de quem investe neste tipo de estabelecimentos querer trabalhar mais tempo, por outro ninguém tem dúvidas que qualquer indivíduo tem naturalmente direito a desfrutar do repouso e o sossego, emanação da consagração constitucional do direito à integridade física e moral da pessoa humana.
Considero contudo, numa perspectiva de razoabilidade, e de consideração dos diferentes direitos, que não se pode enveredar por exageros e que o bom senso deverá imperar na hora de regulamentar este tipo de regras.
Obrigar a fechar os cafés, e esplanadas, à meia-noite, em todos os momentos, parece-me exagerado e se calhar muito difícil de implementar se pensarmos numa noite agradável de Verão, ou em qualquer data festiva que confere um maior movimento à cidade, em que qualquer cidadão gosta de usufruir deste tipo de espaços com os amigos. Numa noite fria de inverno, a medida até pode parecer razoável e em alguns casos até serão os proprietários a querer fechar mais cedo. Mas em outras, como disse, já não será bem assim. Daí o perigo de regulamentar nesse sentido.
Deverá imperar o bom senso, nos decisores, mas também nos proprietários dos cafés que deverão ser os primeiros a querer ter boas relações com a vizinhança. É compreensível que durante a semana ninguém queira ser incomodado com o ruído dos risos e conversas que emanam das esplanadas, mas se calhar ao fim-de-semana a compreensão já será outra e não me parece exagerado que possam funcionar até às duas da madrugada. Naturalmente com regras apertadas na limitação de ruídos, dentro e fora destes espaços, que devem ser alvo de fiscalização.
Até porque, se a corda for muito apertada, a cidade cujo movimento já deixa muito a desejar, ficará às moscas e muitos não hesitarão em procurar outros espaços, noutras terras para frequentar, de onde não sejam 'corridos' ao toque das doze badaladas.
Assim, com horários, ruído e descanso em causa, uma maior liberdade sim, mas com responsabilidade.