Entrevista a Isaura Nogueira, Presidente da Junta de Freguesia de Antime e Silvares S. Clemente, publicada no jornal Expresso de Fafe:
Expresso de Fafe: Como correu a união entre as freguesias de Antime e Silvares S. Clemente?
Isaura Nogueira: Ao princípio foi complicado, porque as pessoas tinham receio de perder identidade, mas acho que hoje isso está esbatido. Já são quatro anos de trabalho e tivemos o cuidado de, no primeiro ano do mandato, atuar mais em S. Clemente. Queríamos mostrar às pessoas que estávamos ao lado delas. A mensagem que tentámos passar foi que só há benefício para ambas as freguesias em estarem juntas. Grande parte das pessoas já entendeu que estamos a fazer um trabalho vantajoso. É esse o nosso objetivo: as pessoas.
EF: Sente que a população está satisfeita com o desempenho da junta de freguesia?
IN: Nunca agradamos a todos, por muito que tentemos desenvolver e melhorar cada vez mais. Mas acho que se vê que fizemos um bom trabalho. Temos neste momento uma obra enorme, que abrange Antime e Silvares S. Clemente, que é a estrada nacional que liga o Bugio à EN207. É uma obra muito importante, orçamentada quase num milhão de euros, que inclui saneamento, rede de águas pluviais, pavimentações e alargamentos.
EF: Como estão servidos de saneamento?
IN:Em Antime, a rede cobre 85%. Em S. Clemente, não havia um único metro de saneamento. Com esta obra, a parte central fica coberta e depois estou convencida que vai ser mais fácil conseguir ligar as ruas. A estrada vai ficar com outras condições, com uma rotunda junto da Igreja de S. Clemente, o que é bom porque ali existiram vários acidentes graves, incluindo mortes. É um melhoramento muito importante para S. Clemente e também para Antime, porque uma parte da obra começa aí.
EF: Que outras obras destaca?
IN:Temos feito grandes obras, nomeadamente o edifício da Junta, aumentado com um pavilhão que tem sido utilizado para muitos eventos, inclusivamente almoços de associações, aulas de desporto sénior, danças de salão, ginástica rítmica, festas, exposições, lançamento de livros. É uma infraestrutura que custou mais de 200 mil euros, mas que dá para tudo. Em frente à Igreja de Nossa Senhora de Antime, que era um lote abandonado, fizemos uma requalificação que ficou muito bonita. Em S. Clemente, temos pavimentado várias ruas, assim como em Antime. Temos trabalhado na manutenção da toponímia e depois na parte mais importante, que são as pessoas: proporcionar-lhes atividades que melhorem a sua qualidade de vida, principalmente aos idosos, com o centro de convívio.
EF: A componente social tem sido prioridade?
IN:Temos tido um forte trabalho de campo. As pessoas são muito importantes, não são só os caminhos. Têm aparecido casos graves, mas que conseguimos apoiar e resolver, nomeadamente dois casos em parceria com o Lar de Antime. É pequeno, mas já há um projeto para fazer um novo lar, perto da igreja, num terreno que já foi doado. Vai ser muito importante para a freguesia.
EF: E as crianças? Também são uma preocupação
IN:Infelizmente temos poucas, porque dois edifícios escolares em Antime já fecharam. Só temos a escola de S. Clemente, já com muito poucos meninos. Estou convencida que daqui a um ano ou dois, com o novo edifício da Escola Carlos Teixeira, irão ficar todos lá. É uma coisa que me custa muito, termos tantos meninos na freguesia e as pessoas levarem-nos para a cidade.
EF: Que utilização deram a esses edifícios escolares fechados?
IN:A Escola do Bairro pertence à Junta, é um edifício muito antigo, que neste momento funciona como depósito. A Escola de Adonela tem neste momento um salão de estudo, uma sala de ensaio para o grupo de música, outra para os escuteiros e grupo coral, e uma sala de refeições. O edifício ainda não é da Junta, mas quando for vamos entregá-las a coletividades. O importante
é não estar ao abandono.
EF: Como é a relação com as instituições da freguesia?
IN: Muito boa. Temos uma Comissão de Cultura e Desporto, onde está um representante de cada associação, desde escuteiros, Operário Futebol Clube de Antime, Grupo Coral, Lar, Igreja e outros. Todas as atividades que fazemos é sempre com a colaboração de todos. Mantemos uma grande união com as coletividades, que tem permitido fazer coisas muito bonitas. O Carnaval é a principal festa da freguesia, que já fazemos há mais de 20 anos e tem sido cada vez melhor. É um desfile com cerca de 500 figurantes, já conhecido nas redondezas. Tivemos o Magusto, a Desfolhada, com a feira das instituições, e os Maios, que neste momento estão a trazer muitos visitantes.
EF: Quais são as expectativas para as festas em honra de Nossa Senhora de Antime?
IN: É o momento alto da freguesia, no que toca a religiosidade. A Comissão Fabriqueira é que organiza, mas nós procuramos trabalhar em conjunto e preparar tudo para receber os fiéis. Para nós o momento mais especial é o regresso da Senhora a Antime. Comove toda a gente, para mim mais do que o cruzamento na ponte de S. José. Costumamos dizer que a Senhora é nossa e, no dia da festa, vai passar o dia a Fafe, mas regressa a casa. A Comissão Fabriqueira está também a terminar a obra da capela mortuária, que penso que já estará pronta nesse dia.
EF: Vai recandidatar-se a um novo mandato? Tem projetos para mais quatro anos?
IN:Vou ser recandidata pelo PS e pretendo continuar o trabalho que tem sido feito. Estou a tentar, ainda este mandato, criar percursos pedestres e um espaço de lazer, com mesas e máquinas de ginástica, debaixo dos viadutos da autoestrada. Já preparamos o projeto, tivemos de pedir autorização à Ascendi e ao IMTT, que já deram o ok, e estamos à espera de orçamento, para enviarmos novamente às entidades e avançarmos. No próximo mandato, queríamos fazer uma ligação entre Antime e Armil, em colaboração com as duas Juntas, e acredito que vai ser possível. Em S. Clemente, pretendemos alargar a rede de saneamento, porque tem havido muita construção nova. Há sempre melhoramentos a fazer.