Opinião de Carlos Rui Abreu, director-adjunto do jornal Notícias de Fafe:
Sábado, cinco de Março de 2016. Cerca das 16 horas fui à Praça 25 de Abril para assistir à chegada dos corredores da categoria de cadetes que participavam no Prémio Cidade de Fafe em ciclismo. De máquina fotográfica em punho, com a 'camisola' deste semanário vestida, fui interpelado por uma senhora muito simpática mas cuja pronúncia nos remetia para outras latitudes. "Boa tarde. É jornalista?", atirou ela. "Sim, do jornal Notícias de Fafe, o único semanário cá da terra", respondi eu. "Sabe, têm aqui uma cidade muito bonita. Fiz quase 400 quilómetros para ver os nossos miúdos no ciclismo e, como nunca tinha vindo a Fafe, aproveitei para conhecer melhor". Fiquei a perceber que a senhora era da região da Grande Lisboa e que tinha vindo ver o folho participar na corrida de ciclismo.
"E então, está a gostar?", perguntei. "A cidade é bonita, parece bastante organizada aqui no centro, um largo amplo e airoso, onde deu prazer passear. Almoçamos muito bem mas depois do almoço ficamos desiludidos". Será que tinham sido mal servidos no restaurante, a comida não estava em condições. Não, a desilusão desta visitante não passava por aí. "Fomos ali a um sítio que nos indicaram como Casa da Cultura, que tinha um Museu da Imprensa e da Emigração, mas estava fechado. Como também conhecíamos a fama de Fafe como terra da justiça fomos ver a tal estátua de que já me tinham falado, mas olhe que ela está muito escondida e para ser o vosso símbolo está muito mal aproveitada. Ainda continuamos a passear pelo centro mas as lojas estavam todas fechadas e só se viam cafés e pastelarias abertos. É sempre assim, tudo tão parado e sem gente?" Por momentos ainda hesitei na resposta. Dizia a verdade e afugentava uma possível futura turista na cidade ou tentava arranjar uma desculpa. Em defesa de Fafe optei pela segunda: "Não. Nem sempre é assim. Hoje realiza-se aqui um rali importante e as pessoas foram mais para a zona da serra e a cidade parece meia abandonada." Perspicaz, a minha interlocutora de imediato retorquiu: "Um rali hoje!? Ao mesmo tempo que o ciclismo!? Então é por isso que não está aqui quase ninguém a ver a prova, deveriam fazer as coisas em datas diferentes para não estragarem as organizações uns dos outros".
Pois, esta visitante de ocasião tem razão. Organizam-se eventos, alguns deles sobrepostos, atraem-se pessoas a Fafe mas depois não se consegue oferecer mais do que um almoço e, pela tarde uma meia de leite e um croissant.
É essencial que as pessoas que visitam Fafe levem outra imagem. Não fechem a cidade ao fim-de-semana.