Opinião de Pompeu Miguel Martins escrita na sua Máquina Royal:
Passeio de domingo com a família a ver o outono em Fafe no seu esplendor.
As tonalidades vermelhas, amarelas e castanhas das nossas árvores são magníficas e durarão pouco tempo mais. Nas primeiras semanas de Dezembro já se não vêem.
Este ano, a grande surpresa foi o magnífico amarelo das Ginkgo Biloba que estão na avenida das Forças Armadas. Há cidades com outonos magníficos. Fafe é uma delas. Talvez poucos o sintam assim. Mas valerá a pena experimentar.
A propósito do amarelo das Ginkgo Biloba da Av das Forças Armadas, lembro-me que Goethe chegou a ter uma e a escrever sobre ela. As Ginko são um fóssil vivo por existirem desde a pré-história e no oriente têm um significado sagrado, normalmente plantadas junto aos templos, sobretudo depois de terem sobrevivido aos bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki.
É fascinante ter o oriente aqui tão perto, numa avenida que para mim muito simboliza a Liberdade e a poética dos dias.
Tem a lonjura a síntese perfeita nas finas folhas
em leque das nossas Ginkgo.
Trazem a brisa do oriente, o seu vento aveludado
e o deslizar das pequenas barcas por rios serenos.
A avenida das Ginkgo
a fugir pelo mundo e a sussurrar à imanência dos dias
a possibilidade tão humana de partir até onde nos leva
os sonhos que ainda não temos, em chãos
que só nos pertencem por nos pertencerem a Liberdade
e a desregra do coração.