Opinião de Manuel Barros publicada no jornal "Povo de Fafe":
Fomos daqueles que estiveram presentes a aplaudir a chegada do gás natural a Fafe. Houve festa com a presença das entidades fafenses bem como dos altos cargos da EDP Gás que assistiram, em palanque preparado para o efeito, ao acender da primeira chama que seria um novo raiar para uma melhor qualidade de vida de todos nós.
Rejubilámos pelo evento, batemos palmas com entusiasmo e ficámos convencidos de que tal benefício seria muito semelhante ao sol que, quando nasce, é para todos!... O gás natural faz parte da vida moderna de qualquer terra pela comodidade que traz e ainda por ser mais económico, razões suficientes para se tornar um bem apetecido.
Passados estes anos, que não são poucos, a EDP Gás apenas veio servir uma parte da população, segundo critérios estabelecidos por aquela entidade ou, então, como se sabe, a reboque de interesses e "cunhas" tão em voga neste País à beira mar plantado...
O gás natural é, sem qualquer dúvida, um bem que deveria estar ao alcance de toda a população interessada de qualquer terra onde o mesmo se venha a instalar. É que todos os cidadãos gozam dos mesmos direitos e deveres e não pode nem deve haver discriminação sob pena de sermos catalogados de cidadãos de primeira e segunda categoria. Mais grave ainda é quando usamos o direito que nos assiste em manifestar a nossa insatisfação e reclamar o respeito devido ao estatuto de cidadania, tão apregoado no tempos modernos de então, e tenhamos como resposta a engenhosa e inescrupulosa proposta do pagamento integral do ramal cujo valor apresentado pela EDP se cifra numa mão cheia de milhares de euros!... Mas,... que absurda e enigmática dualidade de critérios!... Uma mixórdia de interesses em gestos desafiadores cuja prepotência classifica-nos como gente imbecilizada e... resignada!
O que nos causa algum desconforto e perplexidade é constatar que estas empresas ao instalarem-se em pezinhos de lã, sorrateiramente, em qualquer localidade, apenas têm como objetivo a avidez pelo ganho elevado. Por isso, assumem-se como donas e senhoras dos espaços mais rentáveis, em detrimento dos de menor dimensão mesmo que fiquem a escassos metros de distância dos ramais! Depois,... desaparecem!...
Custa-nos a aceitar que seja a EDP Gás a única entidade responsável pelo planeamento da distribuição de gás pela cidade. A autarquia tem, por inerência, que dar o respetivo aval mesmo que seja apenas pelas implicações que o sistema acarreta. Por isso, entendemos que, ao consentir em arbitrariedades desta natureza, talvez tenha também a sua quota-parte de conivência nesta iniquidades...