Opinião de Alexandre Leite publicada no jornal Povo de Fafe:
Estes últimos meses têm sido animados pela vida interna do PS em Fafe. Tal como nas novelas, temos os bons e os maus, as traições e as reconciliações, os namoros, os noivados, os segredos, as conspirações, as cambalhotas. Mas quem está de fora não pode interferir. Deve apenas aguardar as cenas dos próximos capítulos e ir observando a “democracia interna” desse partido. Mas podemos sempre assinalar a falta de discussão de ideias, projectos, intenções, a ausência de debate sobre uma visão para o nosso concelho. Passadas que estão quatro décadas desde as primeiras eleições democráticas nas autarquias locais, este cenário não é muito abonatório.
Rompendo com cerca de 50 anos de ditadura fascista, a revolução de 1974 permitiu, entre outras conquistas, eleições locais democráticas. Desde essa altura, as assembleias e juntas de freguesia, as assembleias e câmaras municipais têm sido palco de debates, participações, intervenções, resoluções que permitiram uma grande proximidade entre os cidadãos e os centros de decisão. A democracia é muito mais do que apenas votar de 4 em 4 anos ou do que discutir o cabeça de lista. Ela acontece também, e talvez até com mais importância, nessa participação, na compreensão e resolução dos problemas das populações locais. É necessário remendar a obra do antigo ministro Miguel Relvas, que conseguiu extinguir quase 1200 freguesias no nosso país.Talvez não seja tão fácil como parece… É que mais democracia incomoda sempre quem pretende praticar políticas contrárias aos interesses populares. Os sucessivos governos praticantes de políticas de direita apoiados por PS, PSD e CDS têm vindo a reduzir a autonomia e o financiamento das autarquias, esvaziando o seu poder. O que era preciso era fomentar a participação dos cidadãos e fortalecer a democracia dos órgãos autárquicos, a sua autonomia e o seu financiamento. Novelas políticas também não trazem mais pessoas para a democracia.