Opinião de Alexandre Leite, eleito da CDU na Assembleia Municipal, publicada no jornal Notícias de Fafe:
As funcionárias que trabalhavam na cantina e na limpeza do hospital de Fafe foram dispensadas. A explicação? Pensem lá comigo… será que foram dispensadas porque não faziam um bom trabalho? Faltavam muitas vezes? O hospital deixou de precisar de limpeza e de comida? Não! A explicação é que não faziam falta… à Misericórdia.
Essa instituição de solidariedade social consegue arranjar trabalhadoras mais baratas para fazer a mesma coisa e, por isso, independentemente de saber se vão melhorar ou piorar a qualidade do serviço prestado aos utentes fafenses, o importante para a nova gestão é que as substitutas saem mais baratas à Misericórdia. E, como já se esperava, a prioridade é ter um saldo o mais positivo possível. Toda a conversa sobre a melhoria dos serviços, as novas valências, isso fica lá mais para a frente.
Logo que entrou ao serviço, a nova gestão do hospital de Fafe escolheu reduzir os custos com o trabalho. Não é surpresa para ninguém que é esta a natureza do sistema económico e político em que vivemos. Mas, mesmo assim, não deixa de ser chocante o desprezo que os responsáveis mostram pela situação das trabalhadoras.
O governo e a administração regional da saúde dizem que não é nada com eles. A Misericórdia diz que nem sabia que elas existiam e que não as quer. As entidades patronais fecham-se em copas e deixam andar, a ver o que dá. Neste jogo do empurra, as funcionárias passam dias complicados e psicologicamente violentos. Apresentam-se todos os dias para trabalhar no serviço onde estão há décadas, vestem a farda, mas não lhes é delegada nenhuma função e ficam lá durante o horário de trabalho, rejeitadas pela nova gestão do hospital, ignoradas pelos responsáveis políticos que negociaram o contrato de privatização do hospital.
Ao longo dos últimos anos, foram várias as empresas que ganharam as sucessivas concessões dos serviços de limpeza e da cantina. Sempre que vinha uma empresa nova, era obrigada por lei a ficar com as trabalhadoras que já lá prestavam serviço. Assim se explica que algumas delas já prestem serviço ao hospital há mais de duas décadas. Neste momento, merecem a nossa solidariedade e a afirmação pública do desrespeito e da traição de que estão a ser alvo.