Opinião de Manuel Gonçalves, professor, delegado sindical e dirigente do Sindicato dos Professores do Norte, publicada no jornal Expresso de Fafe:
O porquê...
Em primeiro lugar, desde logo, devido ao comportamento chantagista e inaceitável do ministro da Educação. Em segundo, para obrigar o governo a cumprir a lei do orçamento do estado de 2018 que determina a contagem de todo o tempo de serviço (9Anos-4Meses-2Dias) e a que o governo quer fazer vista grossa. Terceiro, combater o envelhecimento na profissão, quarto, reduzir o desgaste físico e psíquico em resultado do exercício continuado da profissão, quinto, pelo direito à estabilidade profissional.
Os dados...
Nas escolas de Fafe dos 2º, 3º ciclos e secundários os professores estão a dar uma resposta exemplar mostrando de uma forma evidente o seu descontentamento com o comportamento do governo, que parece não querer cumprir aquilo com que se comprometeu e que deixou plasmado no Orçamento de Estado. Desde o início da greve, os professores das escolas de Montelongo, Revelhe e Arões Sta. Cristina ainda não realizaram qualquer reunião tendo conseguido uma adesão dos professores de 100%. Os professores das escolas do professor Carlos Teixeira e de Silvares realizaram as reuniões do 9ºano e apenas duas dos 5º, 6º, 7º, e 8º anos, enquanto na escola secundária ainda faltam realizar 10 reuniões do 10º ano. (dados de 26/06/2018)
Os números...
Dado que as reuniões dos 9ºs anos já vão nas oitavas convocatórias na maior parte das escolas e que as reuniões dos 5ºs, 6ºs, 7ºs e 8ºs já vão nas terceiras convocatórias, isso significa que em Fafe já foram anuladas mais de 300 reuniões de avaliação.
A opinião...
O que leva então o governo e mais propriamente o ministro da Educação a manter esta postura e ignorar a luta dos professores? Não sei e acredito que só uma falta de respeito dos nossos governantes pela profissão docente e pela importância da educação dos nossos alunos os levam, a de uma forma vergonhosa, desrespeitarem os acordos e o legislado no Orçamento de Estado. O tempo em que os professores trabalharam e descontaram tem de ser integralmente contado, devendo o governo negociar a forma e o tempo em que esse tempo será integralmente contado. Os professores não estão a lutar por melhores ordenados (que bem merecem), mas sim e apenas pelo que o governo lhes quer retirar depois de ter acordado que esse tempo era para contar na íntegra, bem como melhores condições de trabalho que proporcionem uma melhor educação dos seus alunos que, esses sim, são o ser de uma profissão que tudo faz para que a educação deste país seja uma realidade cada vez mais eficiente.