Opinião de Artur Coimbra publicada no jornal Expresso de Fafe:
A imprensa escolar teve forte implantação no nosso concelho, em todos os seus graus de ensino, a partir do pré-primário e do primário, durante décadas, a partir dos anos de 1980. Conheceram-se, no mínimo, 25 publicações de escolas do 1º ciclo do ensino básico do concelho, que davam a conhecer as actividades do meio escolar e serviam para que as crianças fossem exercitando os seus dotes literários e artísticos. Há jovens que ganharam afeição à leitura e à escrita, com os textos que publicavam e liam nos jornais da sua escola.
Eu próprio me lembro que o meu primeiro poema, muito imberbe e desqualificado, foi publicado num jornal de parede, na Telescola de Garfe (Póvoa de Lanhoso), numa altura em que os jornais escolares ainda não eram prática. Era sobre o aventureiro Marco Polo e nunca mais soube o seu paradeiro...
O certo é que, com os mesmos propósitos, as escolas do ensino preparatório e secundário foram editando também os seus jornais.
A Escola Prof. Carlos Teixeira publicou uma Revista que levava o seu nome, depois de ter editado O Reino Escolar, a Montelongo publicava trimestralmente O Justiceiro e a Escola Padre Joaquim Flores editava o jornal A Abelha Informativa e a revista anual A Abelha.
Mais prolífica foi, em tempos, a Escola Secundária. Refira-se alguns dos títulos, sobretudo nos anos de 1980: Espalha Brasas, O Sabichão, Spring, Stop, O Cravelho, O Laranja e a revista Diálogo (1990).
Nos últimos anos, e em virtude da reorganização escolar, em torno dos agrupamentos de escolas, agora apenas três, são publicadas revistas com produção de professores e alunos dos respectivos agrupamentos, do pré-escolar ao 9º ano ou ao 12º ano, conforme os casos. O Agrupamento de Escolas de Fafe editou a revista ConVida, enquanto o Agrupamento de Escolas de Montelongo publicou a revista escolar Ponto de Vista e o Agrupamento Carlos Teixeira manteve também uma publicação anual.
De realçar também o aparecimento de publicações periódicas de instituições escolares como o Colégio da Associação Cultural e Recreativa de Fornelos e a Escola Profissional de Fafe.
Jornais impressos ou policopiados, a preto e branco ou a cores, foram marcando a actividade das nossas escolas, a partir do pré-escolar até ao secundário. Até ao seu desaparecimento.
Curiosamente, numa época de enorme comunicação, as escolas deixaram de editar os seus jornais, não sabemos se por resultado de uma nova estrutura organizativa, se pelo aparecimento de novas formas de transmissão das mensagens, como as redes sociais, os blogues, ou as páginas electrónicas.
O certo é que a imprensa escolar desapareceu do nosso concelho. Ou estarei enganado?